domingo, 9 de maio de 2010

Perder tempo

Já que eu andava por esses tempos reclamando tanto da falta de descanso, do cansaço, do sono que ficava cada vez mais insuficiente se restrito ao meu período de cama e transformava, também em minha cama, os bancos dos ônibus que eu costumo pegar, já que eu reclamava dessas coisas, pronto, agora me deram esses dias inteiros para desaproveitar. Ando num contínuo desaproveitamento. Não sei o que fazer com tanta liberdade de horas e tempo, parece até estranho dizer isso, mas após me submergir nessas rotinas que foram meus primeiros meses de 2010 eu creio ter desaprendido a descansar. Essa doença da qual eu sofria ano passado, o excesso de tempo, me faz fazer as coisas cada vez menos. Ainda sim, ano passado eu tivesse uma meta objetiva, algo que me impelia a ocupar sumariamente meus dias. Mas esses tempos de agora não me atraem nem me impelem a fazer nada, pelo contrário, se arrastam assim como uns minutos pegajosos escorrendo numa parede áspera. Acho que, de fato, é um retorno ao meu estado do ano passado. Até Adriana Calcanhotto eu voltei a ouvir (ano passado eu passei por uns meses de vício nessa mulher, ouvia diariamente, todos os seus CDs, indo pro cursinho de manhã). Ai eu vou olhando pro lado, pelas estantes abarrotadas que cercam meu computador, e vou vendo os livros todos, On the road, Todos os fogos o fogo, Prazeres da Noite, A sangue Frio, Ficções, todos começados e misturados em suas metades, e mais alguns textos para ler para a faculdade, a filosofia de Hume que eu não entendi e agora tenho tempo para entender, mais os artigos do Charadeau, Burke, Freud e Maria Rita Kehl, e novamente, eu com um tempo absurdo podendo dar conta de toda a teoria da comunicação e da linguagem, e aqui, parado, vendo o dia passar atrás da janela, ouvindo Mulher sem Razão, ai ai, que tédio.

2 comentários:

Renata disse...

Parece às vezes que a gente se nivela pra estar constantemente fodido e atrasado, por isso não sabemos lidar, muitas vezes com essa 'liberdade'. No primeiro ano, não sei por quê, mas mesmo não trabalhando não achava motivação pra ler as coisas, a não ser sociologia, filosofia e fotografia. Esses dias não aguentei e, 'segredo', tranquei o curso.

Piin (: disse...

tão estranho neh, to assim tbm