sexta-feira, 14 de maio de 2010

Os casais e os sozinhos.

Casais. Casais para todos os lados. Nos vagões de metro, amarrando o cordão de suas blusas, dividindo seus chocolates, casais descendo na escada rolante, deitados no sofá no meio da sala escura, a TV desligada, subindo a rua Augusta, gente junta, um amor vazante e uma espécie de felicidade para esfregar na cara alheia, soando a risadas, ironias, que maldizem os sozinhos.
Os sozinhos, estes, arrastam-se pelos cantos vivendo um verso do Cazuza, migalhas dormidas do seu pão. Os sozinhos, porém, não se unem - orgulhosos demais para aceitar sua condição de sozinhos, não percebem que um casal é tudo aquilo que é de dois e que se ama, e que se eles se unissem, e se amassem, deixariam de ser sozinhos para se tornar um casal.
Ah, o amor! Esse mistério, esse produto tão caro e tão bem cotado em mercados internacionais, bolsas e pregões, esse minério raro do pré-Cambriano pelo qual eu daria um cheque pré-datado sem sequer ver sua aparência. O amor é um teatro.

2 comentários:

Sandro (eca) disse...

Ah, l'amour! L'amour est le chose qu'on ne veux pas achetêr que le amourese. Est-ce que vouz preferez quoi? Aimer ou avoir quelqu'un?

companheira cronópia disse...

e não é!?