quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Da autonomia não-alcançada (impressão)

You're a bedtime story. The one that keep the curtains closed. Ouvindo Morphine e cortando as unhas da mão esquerda com perfeição, desenho a curva branca da ponta dos dedos com a lâmina do cortador de unhas (com perfeição), percebo que não sei ainda, ainda não consegui, não alcancei a coordenação necessária para cortar as unhas da mão direita com eficiência porque isso necessitaria de uma coordenação exímia na mão esquerda, com a lâmina redonda desenhando as linhas brancas das pontas de meus dedos da mão direita, e aos poucos eu vou cortando as unhas da mão direita que vão se tornando marcas picotadas, rasgos de unha nas pontas dos dedos, e me causando aflição pela imperfeição que agora carrego nas pontas dos dedos e paro a atividade somente por dois motivos: ou para recomeçar a música e ouvir novamente that I can't make it on my own ou para aceitar que não posso, de fato, ainda, cortar minhas próprias unhas sozinho.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Do amor, essa falácia. O amor pelos outros e por nós mesmos.

Ando num meio fio entre a autonomia e o egoísmo. O que aparentemente pode ser bom, pode também ser muito danoso quando falamos em relações. Me pergunto porque eu, que escrevi, no começo desse blog, um texto classificando o amor como um sentimento burguês agora estou andando de mãos dadas, me alimentando de amor o dia inteiro, perdendo ônibus que passam de meia em meia hora (coisa que eu não faria anteriormente). Restringindo meu tempo a esse meu novo objeto de desejo - dirigindo a ele palavras afáveis. Eu andava num mar de desilusão, um marasmo, com um coração meio empedrado, esquecido de como era se sentir dessa forma - e de repente, num turbilhão de acontecimentos, eis que me encontro aqui, parado, centralizando minha vida a esse encontro de dois e tentando não referendar como válidos os esquemas e as discussões que estou tendo com tanta gente que me ama por fora, e que eu amo também.
Me considero um ser presente nas vidas das pessoas que por minha vida passam - não gosto de ser um ponto inútil, alguém com quem não se pode contar. Talvez seja essa minha missão nessa esfera humana em que vivemos - fazer valer a pena. Não hesito em ajudar, eu acho. Não hesito em doar meu tempo, meu esforço, minha paciência. Era um amigo abnegado. E nesses últimos tempos eu vinha sentindo isso, essa quase vulgarização da minha tolerância, da minha amizade. Vinha me sentindo como um prestador de serviços, que presta serviços mas não sente.
O amor me fez perceber isso, que eu sinto, e que se sinto o bem sinto também o mal. Sinto e já não quero mais hesitar ou esconder o que eu sinto, por causa dos outros, em nome dos outros. Olha a revolta, pera lá - mas não quero esperar, tampouco cair nessa armadilha de bom mocismo e convicção. Não vou e pronto, simples. Por quê? Porque eu não quero. Mas é egoísta da sua parte! É, é egoísta, assim como todos vocês tem sido comigo quando eu preciso. Ainda é cedo, não está na hora, vou ficar mais, tchau.
Tchau.