domingo, 12 de dezembro de 2010

No calor e na dança: nós deliramos.

Domingo a noite, um domingo quente, ouvindo Chan Chan e morrendo de vontade de aprender espanhol, essa vontade que antes me tomava apenas para me permitir ler os romances de Julio Cortàzar no original e que agora se extende a me permitir a possibilidade de cantar as músicas do Buena Vista Social Clube em seu original também. Uma vontade excelente de viajar, reler As veias abertas da América Latina, como se São Paulo e minha casa fossem pequenas demais para abrigarem, por hora e pelas próximas semanas, meu coração que se dilata. Penso que a vida não se complica se não nos enraizamos em território que foi imposto – penso que talvez a vida como foi descrita e por nós aprendida talvez não seja a certa ou talvez não seja a boa, e quero sair por aí, e viajar. Eu nunca seria de lugar nenhum. E não seriam meus os problemas de lugar nenhum. Eternamente de passagem, um eterno: passageiro. Quase como um vampiro assumido, sem vínculos, gostaria de me aproveitar puramente das belezas de Havana, de Buenos Aires, e depois de outras cidades pelo mundo tais como Nova York, Paris, Madras, Calcutá, Tel Aviv, sem pregos, sem pinos, vivendo uma vida em cada esquina de cada cidade, sem crimes que não os de consciência pesarosa: abandonada família, abandonados amigos, abandonada a universidade, mas talvez essas ideias que surgem em minha cabeça sejam fruto do calor, do calor e da rumba: no calor e na dança, nós deliramos.

2 comentários:

Unknown disse...

Gostei muito do teu texto!
É exatamente o que sinto várias vezes em minha vida.
Simplismente sumir e viver "à deriva" nesse mundo...sem rumo, sem planos, sem ida nem vinda, apenas provando e sentindo o efemêro e mágico instante de cada dia, ao extremo de tudo e delirar...

maravelha disse...

se um dia decidir de vez me ligue e iremos, nos viramos