quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Arrumação de quarto (em quarta-feira; sol do lado de fora)

Voltei (voltaste?). Ando em círculos: não sei muito bem o que fazer com minhas pernas, com meu corpo. Abro e fecho as gavetas, admiro os livros como se fossem obras de arte e não livros: suas lombadas me preenchem, sequer vou ler todos eles. Olho a janela: voltei, não sei muito bem como começar o dia - o começo dele, entretanto, me foge aos poucos, em medidas que são feitas de minuto a minuto, e agora o dia passa e ainda não soube como começá-lo. Estou esperando uma epifania que me diga como começar: talvez, penso, tirar tudo do lugar seja um bom começo. Ou ouvir uma música. Observo as prateleiras empoeiras, resolvo limpá-las, mas para limpá-las preciso tirar as coisas do lugar, então resolvo tirá-las, mas para fazer isso preciso colocá-las em outro lugar e assim iria fazer caso nesse outro lugar não houvessem já outras coisas que também precisassem ser tiradas. É impossível arrumar o quarto, é tudo um ciclo vicioso que me impede de me mover: mesmo quando levanto decidido, minhas pernas bambeiam, meus branços se movem cada um para uma direção, buscando um uma coisa, o outro, outra. Resolvo escrever. Será que é sempre complicado assim voltar, retomar as coisas, começar um ano, e eu havia me esquecido disso por fazer um ano desde que eu tive que fazer isso de novo?

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